“Produção, uso e destino de todo o plástico já feito” é um artigo publicado na revista Science Advances, em julho de 2017, onde foram apresentados dados que apontam o grande consumo de materiais plásticos convencionais e a poluição gerada pelo seu descarte inadequado.
Mais de 8 bilhões de toneladas de plásticos primários (ou virgens) e secundários (produzidos a partir da reciclagem) já foram fabricados no planeta desde 1950, dos quais cerca de 6 bilhões de toneladas já se transformaram em lixo, enquanto 2 bilhões de toneladas ainda estão em uso.
Neste cenário surgem diversas ações para apoiar soluções alternativas ao uso dos plásticos convencionais. Os materiais produzidos de biopolímeros são uma destas alternativas, com embalagens biodegradáveis e compostáveis feitas de materiais renováveis e com processo de degradação mais rápido do que o das embalagens de plástico convencional.
Embalagens biodegradáveis e compostáveis para reduzir o uso de plásticos convencionais.
As embalagens convencionais de plástico são produzidas a partir de recursos naturais não-renováveis, como o petróleo. Elas se decompõem muito lentamente, permanecendo por dezenas ou centenas de anos no meio-ambiente, provocando acúmulo de resíduos na natureza, poluição do solo e dos corpos d’água, redução do tempo de vida útil de aterros sanitários, dentre outros problemas ambientais, econômicos e sociais.
Além disso, em seu processo de decomposição, os plásticos se quebram em microplásticos, partículas diminutas que entram na cadeia alimentar e vão se acumulando no organismo das pessoas e dos animais, podendo trazer graves problemas de saúde no longo prazo.
Por isso, hoje se discute em todo o mundo sobre a importância de redução no uso dos plásticos convencionais e adoção de alternativas menos impactantes para o meio ambiente, para a sociedade e para a saúde humana. E é neste cenário que surgiram as embalagens biodegradáveis e compostáveis.
Estas embalagens são feitas a partir de fontes naturais renováveis, principalmente plantas ricas em amido e fibras. Desta forma, a matéria prima que as compõem pode ser cultivada e renovada constantemente, tornando sua fabricação e uso mais sustentáveis ecológica e economicamente.
Além disso, por serem constituídas de materiais naturais, ou seja, que estão disponíveis espontaneamente no meio-ambiente, as embalagens biodegradáveis e compostáveis se decompõem também de forma natural, a partir da ação de bactérias e fungos que existem no solo, no ar e na água.
A decomposição destas embalagens irá ocorrer de forma mais rápida e produzir principalmente água (H2O), dióxido de carbono (CO2) e biomassa, que pode inclusive tornar-se parte do solo e ser usada como adubo para o plantio de novas plantas.
Assim, o uso de embalagens biodegradáveis e compostáveis pode ajudar a diminuir a demanda por matérias primas não-renováveis, como o petróleo, reduzir o acúmulo de resíduos no meio ambiente e aumentar o tempo de vida útil de aterros sanitários.
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Por isso, estas embalagens ganham cada vez mais espaço no mercado e no dia a dia das pessoas, e é natural que nesse processo também surjam várias perguntas sobre elas, em relação às suas características, tipos, usos e formas corretas de descarte.
Neste post definimos exatamente o que são as embalagens biodegradáveis e compostáveis, inclusive em relação às normas estabelecidas no Brasil pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), e descrevemos os principais tipos de embalagens em relação aos seus materiais constituintes.
Definições técnicas sobre embalagens biodegradáveis e compostáveis
No Brasil, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), através das normas NBR 15448-1 (2006) e NBR 15448-2 (2008), define tecnicamente o que são as embalagens biodegradáveis e compostáveis.
Segundo estas normas, produtos biodegradáveis são aqueles que sofrem biodegradação, ou seja, que podem ser naturalmente consumidos como fonte de nutrientes pelos microorganismos (fungos e bactérias) presentes no solo, na água e no ar.
Após serem consumidos pelas enzimas destes microorganismos, os produtos biodegradáveis liberam no meio ambiente principalmente água (H2O), gás carbônico (CO2) e biomassa, e em menor quantidade alguns outros elementos, como por exemplo o metano (CH4).
A princípio, todo tipo de material pode ser biodegradado, inclusive os plásticos convencionais derivados de petróleo.
A diferença é que estes plásticos levam cerca de 400 anos para sofrerem o processo de biodegradação, enquanto os chamados produtos biodegradáveis levam meses ou poucos anos para se decompor completamente.
Ainda segundo a NBR 15448 da ABNT, os produtos compostáveis são um subtipo dos biodegradáveis que estão sujeitos a um maior nível de exigência quanto ao tempo de decomposição.
Os compostáveis precisam ser degradados em no máximo 180 dias (6 meses), não podendo deixar nenhum tipo de resíduo tóxico no solo e na matéria orgânica resultante de sua degradação, sem causar, portanto, qualquer tipo de alteração negativa na germinação e crescimento das plantas.
Assim, segundo a NBR 15448 da ABNT, produtos biodegradáveis irão se degradar a partir da ação de microrganismos durante um período de tempo, mas sem definição precisa de quanto dura exatamente este período e quanto às características e usos da matéria orgânica resultante de sua degradação.
Já os compostáveis são biodegradáveis que precisam ser degradados em no máximo 6 meses, e a matéria orgânica resultante de sua degradação precisa ser inócua para a germinação e crescimento das plantas.
Aqui cabe ressaltar que a classificação de embalagens como biodegradáveis ou compostáveis é feita sempre por instituições e empresas certificadas para este fim.
Os testes conduzidos por estas certificadoras são feitos em condições ideais e com acompanhamento de profissionais especializados em compostagem, com rigor na aplicação de métodos científicos para controlar e monitorar parâmetros físico-químicos, como umidade, temperatura e pH, e facilitar a atividade microbiológica para acelerar o processo de biodegradação dos materiais.
Tipos de embalagens biodegradáveis e compostáveis
Embalagens biodegradáveis e compostáveis podem ser fabricadas a partir de polímeros obtidos de várias fontes, dentre as quais:
- plantas ricas em amido e/ou fibras, como por exemplo o milho, batata, cana-de-açúcar, mandioca e bambu;
- moléculas ou substâncias sintetizadas por bactérias;
- substâncias derivadas de fontes animais, como a quitina, quitosana ou proteínas;
- misturas entre biomassa de origem vegetal com polímeros obtidos de fontes fósseis, com o petróleo.
Aqui apresentaremos somente os tipos de embalagens biodegradáveis e compostáveis mais comumente utilizadas no Brasil, com suas principais características e constituições.
Embalagens de PLA
O PLA – poli (ácido lático) é um polímero sintetizado a partir do ácido lático, um ácido orgânico derivado da fermentação de plantas ricas em amido ou açúcar, como milho, mandioca, trigo, cana-de-açúcar, beterraba, batata, dentre outras.
É um polímero com propriedades físicas semelhantes às do PET (Politereftalato de etileno, derivado do petróleo), com elevada elasticidade, rigidez, transparência, biocompatibilidade, comportamento termoplástico e boa capacidade de moldagem.
Por conta destas características físicas e químicas, o PLA tem sido muito utilizado para fabricação de embalagens para alimentos, cosméticos, produção de sacolas, garrafas, canetas, tampas, talheres, copos, bandejas, pratos, entre outros.
Além de ser fabricado a partir de fontes renováveis, o PLA é biodegradável e compostável. Sob condições de altas temperaturas e elevada umidade, ele irá degradar-se rapidamente e se desintegrar dentro de poucos meses. O principal mecanismo de degradação é a hidrólise (quebra pela água), seguido pelo ataque de bactérias sobre os resíduos fragmentados. Sua degradação em compostagem é rápida, tanto em condições aeróbicas (com presença de oxigênio), como em condições anaeróbicas (com pouco oxigênio). Após seu descarte, as embalagens de PLA irão se decompor em poucos meses, transformando-se principalmente em água (H2O), gás carbônico (CO2) e biomassa.
Outra vantagem muito importante das embalagens de PLA é que em contato com bebidas e alimentos, tanto quentes como frios, elas não liberarão nenhum tipo de substância tóxica. O ácido lático é uma substância alimentar totalmente segura e naturalmente eliminada pelo corpo.
Embalagens de polpas e fibras vegetais
Diversos tipos de embalagens têm sido feitas a partir de plantas ricas em fibras. O alto teor de celulose que compõem estas fibras naturais permite à indústria fabricar vários tipos de embalagens, como copos, pratos, tigelas (bowls) e bandejas. Estes produtos são muito resistentes, por isso podem ser usados inúmeras vezes ao longo do dia antes de serem descartados, aumentando sua vida útil e reduzindo assim seu desperdício.
As embalagens de polpas vegetais são fabricadas a partir de recursos naturais renováveis, em especial cana-de-açúcar, trigo e bambu, plantas abundantes e amplamente cultivadas. A escolha destas matérias primas se dá não só pela qualidade de suas fibras para fabricação de embalagens, mas também por sua disponibilidade, uma vez que elas podem ser facilmente cultivadas e fornecidas regularmente para a indústria, tornando a produção de embalagens mais segura e barata.
As embalagens de polpas vegetais são biocompatíveis e por isso não causam reações tóxicas e imunológicas no organismo humano. Elas são 100% compostáveis e em condições ideais, com altas temperaturas, elevada umidade e atividade microbiológica, irão se degradar em cerca de 180 dias, transformando-se principalmente em água (H2O), gás carbônico (CO2) e biomassa.
Embalagens de papel e madeira
Assim como as embalagens de polpa vegetal ou feitas de plantas, como dizem por aí, há também muitos tipos de embalagens feitas a partir de papel e madeira provenientes de florestas comerciais de Eucalyptus.
Estas árvores são um recurso natural renovável amplamente cultivado ao redor de todo o mundo, podendo fornecer, de forma constante e a baixo custo, a celulose e as fibras vegetais necessárias para a fabricação de embalagens. As embalagens feitas destes materiais são resistentes, podendo ser usadas inúmeras vezes ao longo do dia antes de serem descartadas, reduzindo seu desperdício. Elas também são práticas e possuem desenhos e formatos diversos, ajustados para diferentes usos, como talheres, canudos, copos, pratos, mexedores de bebidas, entre outros.
Como são materiais não modificados quimicamente e tem origem natural, as embalagens de papel e madeira sequer precisam de certificação de compostabilidade. Desta forma, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através de sua NBR 15448-2 (2008), considera estas embalagens como biodegradáveis e compostáveis.
Assim, em condições ideais de compostagem, com altas temperaturas, elevada umidade e atividade microbiológica, as embalagens de papel e madeira devem se degradar em cerca de 180 dias, transformando-se principalmente em água (H2O), gás carbônico (CO2) e biomassa.
Embalagens de amido
O amido é um polissacarídeo (um carboidrato ou açúcar) produzido pelas plantas como reserva de energia. Ele é encontrado em diversos tipos de plantas, algumas muito comuns e amplamente cultivadas, como o milho, batata, arroz e mandioca.
Muitas embalagens biodegradáveis têm sido fabricadas a partir de amido, usando principalmente o milho como matéria prima. A preferência pelo milho se dá não só pela qualidade do amido fornecido para fabricação das embalagens, mas também por sua abundância e facilidade de cultivo. Desta forma, tem-se uma matéria prima com alta disponibilidade, que pode ser renovada inúmeras vezes através do cultivo permanente, e com custos que tornam as embalagens mais baratas. É também importante destacar que o milho usado para a fabricação de embalagens normalmente é de segunda linha, ou seja, não usado para alimentação humana.
A indústria tem aproveitado bem a boa capacidade de moldagem dos polímeros desenvolvidos a partir do amido de milho. Hoje existem diversos modelos de pratos, copos, talheres, bowls, tigelas e embalagens de alimento feitos deste material. Eles possuem alta gramatura e são muito resistentes, permitindo seu uso inúmeras vezes ao longo do dia antes de serem descartados, reduzindo seu desperdício. Também são muito resistentes à altas e baixas temperaturas, podendo ser usados com alimentos e bebidas frias ou quentes, e mesmo irem ao congelador e micro-ondas.
As embalagens de amido são biocompatíveis e livres de Bisfenol A, não causando reações tóxicas e imunológicas no organismo humano. Elas são feitas a partir de recursos naturais renováveis e são biodegradáveis.
Em condições ideais de compostagem, com altas temperaturas, elevada umidade e atividade microbiológica, elas irão degradar-se dentro de poucos meses, transformando-se principalmente em água (H2O), gás carbônico (CO2) e biomassa.
Consumo e destinação final de embalagens biodegradáveis
Reforçamos que nós, da eeCoo sustentabilidade, indicamos sempre que possível o uso de produtos e embalagens duráveis. Embalagens descartáveis normalmente são utilizadas poucas vezes e logo após o uso vão parar no lixo. Assim, recomendamos o uso de descartáveis, mesmo se forem biodegradáveis ou compostáveis, somente quando não houver a possibilidade de usar embalagens duráveis.
Nos momentos em que for necessário o uso de embalagens descartáveis, opte sempre por biodegradáveis e compostáveis no lugar dos plásticos convencionais derivados de petróleo. Com esta atitude você estará contribuindo para a redução de resíduos no meio ambiente.
Além disso, as embalagens biodegradáveis e compostáveis atualmente comercializadas tem altíssima qualidade e são muito resistentes. Dessa forma, recomendamos que cada embalagem seja utilizada o maior número de vezes possível ao longo do dia antes do descarte. Em uma festa, por exemplo, você pode escrever seu nome ou fazer uma marca de identificação na embalagem, usando-a várias vezes ao longo do evento. Estas pequenas atitudes geram economia para quem compra as embalagens, ajudam a destinar menos resíduos para os aterros sanitários e diminuem a demanda por recursos naturais e energia para a produção de novas embalagens.
As embalagens biodegradáveis e compostáveis não são recicláveis. Portanto, elas não devem ser misturadas na mesma lixeira com plásticos convencionais, vidro e metais, pois isso atrapalha o processo de reciclagem destes materiais. Assim, na hora do descarte, o ideal é que elas sejam depositadas somente com lixo orgânico. Além disso, especificamente em relação às embalagens 100% compostáveis, sugerimos que elas sejam destinadas, sempre que possível, para projetos e usinas de compostagem, onde elas poderão ser transformadas, junto de outros materiais orgânicos, em adubo para o solo. Desta forma, após cumprir sua função com o consumidor, a embalagem devolverá ao solo elementos químicos necessários para a produção e crescimento de novas plantas.
A eeCoo sustentabilidade
Queremos aproveitar para destacar que todas as embalagens que a eeCoo oferece são feitas de materiais biodegradáveis e compostáveis. Estes produtos irão se decompor muito mais rapidamente do que os plásticos convencionais, ajudando na redução do acúmulo de resíduos em aterros sanitários e no meio ambiente. A biomassa produzida pela decomposição de materiais biodegradáveis e compostáveis pode, inclusive, ser utilizada como adubo para plantio de novas plantas, especialmente para atividades de reflorestamento e paisagismo.
A eeCoo sustentabilidade tem como missão apresentar soluções mais sustentáveis para a sociedade, por isso continuamente buscamos alternativas que venham para ajudar na redução do uso de plásticos convencionais. Desta forma, nós oferecemos uma linha variada de produtos que inclui embalagens feitas de amido de milho, papel (sem filme plástico), PLA (ácido polilático), polpas vegetais (farelo de trigo, bagaço de cana-de-açúcar e bambu) e madeira.
Venha conhecer toda a nossa linha de produtos biodegradáveis e compostáveis em nossa loja virtual (www.eecoo.com.br/loja).
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